- Enchente - vazão relativamente grande de escoamento superficial é causada pelo excesso de chuva ou pelo descarregamento de qualquer volume de água acumulado a monte (rompimento de uma barragem ou a abertura brusca das comportas de um reservatório).
- Inundação - caracteriza-se pelo extravasamento do canal, também é causada pelo excesso de chuva e pela existência, à jusante da inundação, de qualquer obstrução que impeça a passagem de vazão de enchente (bueiro mal dimensionado que remansa o rio).
É necessário o estudo das características das precipitações, como: origem, distribuição temporal e espacial da região onde se situa
a bacia em questão. Assim pode-se determinar a distribuição das enchentes e inundações durante o ano.
MÉTODOS DE COMBATE ÀS ENCHENTES
Os danos causados pelas enchentes podem ser evitados de três modos
diferentes:
a)
Pela construção de obras de proteção.
Sua finalidade é confinar aquelas águas dentro do canal natural do
rio. Assim fazendo, eles elevam o nível d'água nos pontos à
montante (devido ao represamento das águas) e à jusante (devido ao
acréscimo de descarga, resultante da redução da acumulação).
Este método embora proporcione, muitas vezes, proteção
satisfatória contra inundações mais freqüentes, ele acarreta um
perigo. Graças à sensação de proteção gerada pela presença de
diques e muralhas de proteção, novas edificações são construídas
em áreas antes evitadas.
b)
Mediante a redução do nível de cheia, sem modificação apreciável
de descarga de pique.
O risco de inundação pode ser reduzido, sem a redução da vazão
de enchente, pelo abaixamento do nível. Isto pode ser conseguido
através da:
·
Retificação e drenagem do leito do rio. A dragagem pode ser feita
para eliminar os depósitos de fundos e das margens, aumentando assim
a área da seção do canal.
·
Construção de um "by-pass", ou canal adicional de
enchente. Freqüentemente, grandes cidades localizam-se junto de rios
ou de outras massas de água.
c)
Mediante a redução dos fluxos de cheia por meio de acumulação,
modificação do uso da terra ou métodos semelhantes.
A redução por acumulação pode ser feita através de: um grande
número de pequenos reservatórios individuais localizados nas
cabeceiras do curso d'água principal ou de seus afluentes; terraços
que detenham o escoamento durante tempo suficiente para permitir a
infiltração no solo; e por meio de grandes reservatórios,
localizados nos vales mais a jusante.
ANÁLISE ECONÔMICA DO CONTROLE DE ENCHENTES
Para determinar os benefícios anuais que resultariam de um programa de controle de enchentes é necessário, primeiramente, estabelecer
certo número de perfis de cheias, pelo menos nos trechos do rio nos
quais ocorrem prejuízos consideráveis. Deve ser determinado um
perfil da cheia de projeto, bem como o perfil mínimo para o qual
ocorrem danos apreciáveis. Um levantamento local cuidadoso é então
necessário, para determinar o montante dos prejuízos causados pelas
enchentes correspondentes aos perfis, em toda a zona afetada. Esses
valores podem ser locados, sob a forma de uma curva, e dela se poderá
deduzir os prejuízos, para qualquer nível intermediário.
A
ocorrência de inundações em áreas urbanas e ribeirinhas no Brasil
tem-se intensificado e tornado mais freqüente a cada ano. Este
agravamento é função tanto da crescente impermeabilização do
solo, decorrente da urbanização acelerada, como da imprevidente
ocupação urbana de áreas ribeirinhas, que sempre constituíram os
leitos naturais dos cursos de água. A combinação desses processos
conduz a picos de vazão cada vez mais difíceis de controlar
mediante intervenções estruturais tradicionais, voltadas à
ampliação da capacidade de escoamento superficial. Essa dificuldade
tem aumentado, sensivelmente, a potencial utilização de medidas
não-estruturais, de caráter essencialmente preventivo, que implicam
a necessidade de uma articulação crescente com os sistemas de
gestão urbana, os quais pertencem à esfera de competência dos
municípios, com exceção das regiões metropolitanas, aglomerações
urbanas e micro-regiões, sobre as quais se aplicam os princípios
constitucionais de cooperação no exercício de funções públicas
de interesse comum.
Plano
Diretor de Drenagem Urbana
O Plano Diretor de Drenagem Urbana é um instrumento de planejamento
que visa regulamentar a ocupação do solo em uma área urbana,
indicando medidas estruturais e não-estruturais relacionadas ao
sistema de drenagem, tendo como finalidade mitigar os problemas
causados pelas inundações, buscando equilibrar o desenvolvimento
com as condições ambientais das cidades, e integrando-se aos planos
de esgotamento sanitário, resíduos sólidos e principalmente o
Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município.
O Plano Diretor de Drenagem Urbana deve tanto apresentar medidas para
remediar os problemas já existentes em decorrência da urbanização,
como também deve apresentar medidas para prevenção da ocorrência
de enchentes e inundações em áreas que futuramente venham a ser
urbanizadas.
As ações para controle de enchentes e inundações em áreas
urbanizadas geralmente possuem custo elevado porque implicam medidas
estruturais; por outro lado, quando existe um planejamento a médio e
longo prazo, é possível implementar medidas preventivas a custos
significativamente baixos.
Os principais conteúdos de um Plano Diretor de Drenagem Urbana são
o planejamento das obras e medidas não estruturais (legislação,
zoneamento etc), a definição dos instrumentos de financiamento para
sua implementação, a proposta da gestão da drenagem urbana dentro
da estrutura municipal de administração, com definição de
requisitos, atribuições e responsabilidades institucionais e o
Manual de Drenagem, destinado à orientar o projeto de obras futuras.
Medidas
não-estruturais: Têm caráter fundamentalmente preventivo.
Incluem-se ações de limpeza e manutenção de sistemas e programas
de educação ambiental, entretanto, o zoneamento do uso do solo é a
principal medida não-estrutural. Algumas medidas não-estruturais
podem alcançar excelentes resultados em áreas que estão em vias de
urbanização.
Medidas
estruturais: Constituem-se por obras destinadas a controlar o
escoamento das águas de chuva no meio urbano. Em muitas situações
apresentam-se como medidas corretivas voltadas diretamente à
remediação de problemas existentes em áreas urbanizadas. Algumas
destas obras são representadas por modificações em seções
transversais de cursos d'água, visando aumentar a capacidade de
armazenamento, ou modificações no traçado destes cursos d'água,
visando criar desvios para ondas de cheia, e ainda obras para
armazenamento temporário das águas de chuva (bacias de retenção
ou detenção).
O Plano Diretor de Drenagem Urbana deve:
- estar inserido e articulado ao Plano Diretor do Município, sendo um componente do mesmo. Desta forma deve ser considerada a articulação do sistema de drenagem com outros elementos de infraestrutura, como os sistemas de abastecimento de água, de esgoto, viário, e também com o plano urbanístico, estabelecendo oportunidades para usos múltiplos.
- regulamentar a ocupação do solo a partir de um zoneamento que indicará áreas a serem preservadas (várzeas, zonas de mananciais), áreas que deverão ser reservadas para implantação de obras, como também os tipos de restrições e as taxas de ocupação nas diferentes áreas da bacia hidrográfica. O zoneamento deve ser estabelecido a partir de um diagnóstico da situação atual da ocupação do solo no município, buscando identificar tendências quanto à evolução da ocupação na bacia hidrográfica.
- incluir a sugestão de um monitoramento permanente das descargas nos sistemas de drenagem, da presença de resíduos sólidos, detritos e sedimentos.
- apresentar as necessidades de manutenção, operação e limpeza dos sistemas, de forma a garantir eficiência de funcionamento.
- indicar as necessidades de capacitação técnica para os níveis decisórios, de projeto, de execução e operacionais. Além disso, devem ser previstos programas de educação ambiental voltados à população e ações de promoção junto à classe política.
- ser objeto de contínua avaliação por intermédio de instrumentos e indicadores de eficácia e eficiência que permitam a correção de deficiências.
- estabelecer normas e critérios para o projeto dos sistemas de drenagem que devem ser aplicados em toda a bacia hidrográfica, de forma a evitar soluções particularizadas. Estas recomendações devem ser consolidadas em um Manual de Drenagem que oferecerá também a orientação prática à adoção das medidas preconizadas no Plano, tornando possível uma uniformidade na elaboração dos futuros projetos
- apresentar um escalonamento para a implementação de obras e ações não estruturais de acordo com o fluxo de recursos disponíveis, considerando também que este escalonamento não pode implicar o agravamento de problemas mesmo que em caráter temporário.
Fontes:
http://www.lactec.com.br/publicacoes/2002/013_2002.pdf
http://www.ana.gov.br/gestaoRecHidricos/UsosMultiplos/inundacoes2.asp
http://www.labdren.ufsc.br/pesquisa/itacorubi/index.php?secao=pddu
WILKEN, 1978
0 comentários:
Postar um comentário